sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Dinheiro

Eu sou um trabalhador. Embora eu tenha tentado não ser um operário como o meu pai foi, é inevitável dizer que eu sou obcecado com o trabalho. O trabalho é uma maneira de concretizar coisas. Tem a sua alquimia.

Mas tenho enormes complicações com o dinheiro.

"Quanto você cobra?"

"Quanto sai para você fazer isso?"

Sei lá!

Não quer dizer que eu seja um tonto disposto a trabalhar de graça. Eu costumo farejar a exploração de longe e posso até perder a grana uma vez. Mas a segunda vez, fica mais difícil. E digo mais: existem algumas coisas que eu posso fazer, e que só eu posso fazer, entende?

Se você me engabela hoje, amanhã pode precisar de mim novamente. E aí já era.

Assim eu penso em relação à grana.

Dinheiro vira bosta no dia seguinte.

Mas a credibilidade é ouro no meu ramo de trabalho.

Estamos acertados?

Ok. Como você quer que eu faça o serviço?
(...)
Certo.
(...)
E como você vai me pagar?
(...)
Tem que ser em dinheiro. Se você me passa um cheque e ele não tem fundos, vou ter que fazer dois serviços. Primeiro nesse cara, que você encomendou. Depois em você. Aliás, nesse caso, normalmente eu vou atrás da sua família...

Putz! Percebe como eu gosto de trabalhar? Ao invés de matar você, mato a sua família inteira por um cheque sem fundos.

É uma compulsão, sabe? Esse lance do trabalho?

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