O sexto dia surgiu no meio da minha retirada estratégica, me pegando de surpresa.
Vai assustar a puta que te pariu! Disse eu, desconfiado deste novo dia, assim como estivera de todos os demais.
Continuei andando, ignorando a existência do dia, fingindo que ele e a noite eram para mim a mesma coisa.
Dia, noite, sol e lua... Fodam-se! Para mim vocês são todos os mesmos. E andava e andava, tentando em vão deixar para trás as indesejáveis companhias.
Por fim, cansei-me uma vez mais.
A barriga vazia. A boca seca.
A pergunta de "onde eu estava", se fazendo cada vez mais presente.
No sexto dia eu me tornava contemplativo, através da fome. Queria subitamente compreender o deserto em todos os seus detalhes. Saber onde aquela massa de areia e sol escondia qualquer coisa.
Tinha vindo ao deserto porque queria o vazio.
Agora que eu tinha o vazio dentro de mim, buscava alguma coisa.
Foda-se, eu me viro! Disse eu, com a última gota de orgulho levando mais um dia para evaporar.
Qualquer ponto do deserto era a mesma coisa.
Faminto, as direções começam a ficar mais calculadas.
Sem rumo, encerrei o meu sexto dia.
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