Acordei no sétimo dia, me dando conta do tempo.
Sete dias. Uma semana. No meio do vazio.
Tudo o que eu mais queria na vida.
Me livrar da companhia de qualquer outra coisa. Saber o que eu era, pela exclusão das demais coisas.
No deserto, o que não era o nada era o eu.
Calculava eu, matematicamente.
Sete dias e ontem a fome começou a ser mais uma companhia insuportável, como tinham sido o sol, a areia, o cacto...
O cacto.
Sempre o maldito cacto e sua inocência.
O cacto morto, que me assombrava a consciência. Desde o cacto eu tinha me tornado mais agradável às minhas companhias imprevistas.
Quantos dias eu vou ficar aqui?
Perguntei-me, de repente como que para afastar da cabeça a imagem do cacto.
Quanto tempo eu vou agüentar?
Parecia ser a real pergunta.
Como se a morte do cacto trouxesse a mensagem da minha própria duração.
Como se a fome e o vazio estivessem cavando a minha sepultura.
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