terça-feira, 5 de maio de 2009

Dia 7

Acordei no sétimo dia, me dando conta do tempo.


Sete dias. Uma semana. No meio do vazio.

Tudo o que eu mais queria na vida.

Me livrar da companhia de qualquer outra coisa. Saber o que eu era, pela exclusão das demais coisas.

No deserto, o que não era o nada era o eu.

Calculava eu, matematicamente.

Sete dias e ontem a fome começou a ser mais uma companhia insuportável, como tinham sido o sol, a areia, o cacto...

O cacto.

Sempre o maldito cacto e sua inocência.

O cacto morto, que me assombrava a consciência. Desde o cacto eu tinha me tornado mais agradável às minhas companhias imprevistas.

Quantos dias eu vou ficar aqui?

Perguntei-me, de repente como que para afastar da cabeça a imagem do cacto.

Quanto tempo eu vou agüentar?

Parecia ser a real pergunta.

Como se a morte do cacto trouxesse a mensagem da minha própria duração.

Como se a fome e o vazio estivessem cavando a minha sepultura.

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