sexta-feira, 4 de abril de 2008

Campo de Visão

As pessoas ficam dispostas nos lados de um território e não devem se encarar. Devem buscar o vazio que pode ser encontrado entre uma pessoa e outra e nessa situação é preciso se manter pronto, à espera de algo. Esse é o ponto zero, aquele em que se está preparado para entrar em cena.

Há uma regra: em um momento será escolhido aquele que irá liderar o grupo num curto espaço de tempo. Todos os outros devem se colocar na mesma direção do lider e acompanhar todos os movimentos por ele propostos sem que se olhe diretamente para ele. É preciso que o líder esteja nessa área chamada "campo de visão". O movimento só será iniciado quando houver outro movimento no campo de visão. Enquanto não vemos nada, não nos movemos.

Então voltemos ao ponto zero. Ali ficamos, aguardando, com toda a energia preparada para ser empregada. Não é um estado de descanso, de descaso. Num sinal devemos nos mover, fazendo a escolha de apenas um gesto expressivo. Este deve estar imbuído do estado poético, daquele em que imagina lugares possíveis e outros sentires.

Dali se pode evoluir para outras escolhas, sempre dialogando com outros estímulos, ora fornecidos pela música ambiente, ora oferecidos pelos parceiros de jogo, ou por aquele que orienta o jogo.

Então se escolhe o líder.

Liderando, me ocupa que todos estejam participando. Meu movimento não pode ser mais tão ensimesmado. Há uma preocupação em que os outros entendam o que eu proponho, para que o fluxo do jogo não seja interrompido. Se pode brincar com essa responsabilidade, mas não se pode negá-la, sob a pena de não liderar ninguém, porque ninguém compreeende o que se deve fazer.

Liderado devo assimilar o que está sendo proposto e tornar aquilo meu. Acompanho o outro porque aquele movimento proposto me permite ampliar o meu repertório corporal. Acompanho porque me sinto integrado ao todo, ainda sendo eu mesmo.

Um comentário:

René Piazentin disse...

"Desista", 9 contos do Kafka em quadrinhos, do mesmo cara que fez uma "Metamorfose" também.
Bom!
Abração em você e no Pedrão. Se demorar mais para eu conhecer o seu filho, daqui a pouco é ele que vem aqui em casa. De metrô.