São tão diversas as idéias do ser humano sobre o mundo que o cerca, que em qualquer contexto, podemos ficar horas e horas divagando sobre estas diferentes percepções. Há a percepção do que seja deus. Há a percepção do que seja a verdade universal. Há a percepção do bem e do mal. Há a percepção da justiça. Há a percepção do que é um bom futebol ou de qual é a melhor religião. Ou a de que determinada política é melhor que outra.
Não é que o mundo tenha se tornado complexo demais ou então o homem. O que ocorre é que as justificativas para o nosso sofrimento se tornaram cada vez mais elaboradas. A ilusão está se tornando cada vez mais refinada em seus argumentos.
E este relativismo permite que um homem faça outro sofrer, embora ele mesmo não deseje o sofrimento. O relativismo cria as justificativas para que um homem seja vendável e o outro não; para que uma vida humana tenha o seu preço; para que homens se tornem coisas que fazem coisas.
Podemos nos sustentar neste relativismo quando desejamos a solidão. Se o outro pensa o mundo da sua forma e eu da minha, que cada um fique no seu canto e não perturbe o outro. Só tornaremos a nos encontrar quando tivermos utilidade um para o outro.
O combate entre homens também se apóia nisso. Você é o mal para mim e eu o sou para você, portanto combatemos. Você quer as minhas terras e os meus recursos. E eu quero explorá-los para depois explorar você através da venda destes recursos, por valores relativos, que eu determinarei segundo idéias também relativas. Você pretende me convencer de que a sua relatividade é melhor que a minha e por isso usa armas que vão me convencer, ou exterminar.
Está claro que os relativismos não vão nos conduzir a nenhum ponto, como espécie. Eles estimulam o individualismo crescente no mundo que nos cerca. Alimentam a subjetividade individual com promessas de que teremos todos os nossos desejos satisfeitos se nos esforçarmos o suficiente. Nos dizem que existem produtos perfeitos que atendem as nossas carências e quanto mais nos esforçarmos, seja trabalhando árduamente, explorando o trabalho de outros ou roubando com fervor, teremos mais recursos para finalmente podermos usufruir da felicidade individual. Oferecem-nos o direito de sermos énicos, mediante a exclusão psíquica de todos os outros; mediante a negação de toda intencionalidade que outros possam ter.
Que centro de ação podemos achar num mundo que se configura desta forma?
Se o relativismo se configura como um emaranhado de opiniões desconexas do ser humano sobre o mundo que o cerca, aonde está o centro disso? No ser humano, é claro.
Naquele cujo maior projeto, em todas as formas que se configure, é evitar o sofrimento e atingir a felicidade. Sabendo é claro que isso não é um projeto individual e sim o projeto de toda uma espécie buscando a evolução, um outro patamar.
Se não deseja o sofrimento, não faþa outros sofrerem por isso, porque o refluxo desta contradição lhe trará mais sofrimento. Trata os outros como você gosta de ser tratado. Em ambos os casos, o centro é ser humano, em busca da superaþão do sofrimento. Não há outra idéia aí.
E que os relativismos sejam bem vindos, como manifestação da diversidade. O que nos faz énicos, não precisa nos fazer sós. Se temos algo em comum, que compreendemos ser a aspiração de superar todas as dificuldades que nos colocam nesta teia de sofrimento, a sua perspectiva distinta da minha pode me enriquecer e me fazer crescer.
E assim, caminharemos para uma nação humana universal.
domingo, 5 de junho de 2005
Teorias da Relatividade
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