Ouvia, agora mais claramente do que nunca, o interminável solilóquio provindo de algum ponto no meio do seu crânio e que ele interpretava como sendo a sua consciência.
Sua última esperança era a de que, aproximado o momento final, a voz cessaria e ele retornaria a uma espécie de silêncio primordial. Mas esta esperança morreu sem encontrar alívio.
Seu último juiz foi ele mesmo, proferindo sentenças até que cessasse a voz; não por uma interrupção dela, ou porque viesse uma condenação definitiva e sim porque ele não lhe prestava mais a atenção.
O silêncio, no entanto, não chegou antes do nada.
terça-feira, 8 de junho de 2004
Autópsia
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