terça-feira, 8 de junho de 2004

Abordando as Ferramentas

Penso em duas abordagens da máquina.
A primeira seria a da ferramenta como uma extensão do próprio homem. Digo “homem” e não “corpo”, porque não compreendo o humano dividido em duas coisas distintas: o corpo e uma segunda coisa.

E a segunda abordagem, da ferramenta como um receptáculo mais adequado para a mente, uma vez que o corpo-sedentário-domesticado está obsoleto.

Na primeira abordagem, penso no trabalho. Na capacidade de amplificar as possibilidades do corpo através das ferramentas. Ferramentas que facilitem o trabalho remodelando o que somos. Máquinas de desenvolver o que somos, não de atrofiar. Máquinas que nos façam subir montanhas, atravessar rios. Máquinas que sejam descartáveis, porque após seu uso não necessitaríamos mais delas.

Na segunda, penso no conforto. Nos enfartes, nas obesidades, nos homens-hamster correndo nas suas esteiras sem irem a lugar nenhum. Nos carros cheios de uma pessoa só. Na fumaça peidorrenta que eles soltam. Nos homem-microondas, que se orgulham de não saberem preparar suas comidas. Nos caçadores de supermercado, que capturam suas presas na prateleira. Nos celulares que interferem nos marca-passos e dão câncer no cérebro. Na TV, deixando doidas as nossas rolas e bucetas.

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