quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Método de trabalho para Jogos Teatrais

O trabalho realizado com as turmas de ambos os períodos é exatamente o mesmo, com resultados distintos em função das distinções entre os grupos. De uma maneira genérica, a turma matutina é mais tranqüila e mais madura que a do período vespertino, mas isso não implicou numa diferença de apreensão do conteúdo.

Desde o ano passado, costumamos dividir o curso de Jogos em dois periodos: as quatro primeira aulas são destinadas a trazer a teatralidade a partir da experiência cotidiana, com jogos mais simples de exposição e trabalho com a imagem de si (a imagem que cada pessoa acredita que os outros vêem dela); as quatro últimas são destinadas a uma introdução à linguagem teatral, às noções de comunicação clara e expressividade. Chamamos o primeiro bloco de “O teatro no mundo” e o segundo de “O mundo do teatro”.

Além dessa abordagem introdutória, buscamos uma melhor compreensão de cada aluno e de suas dificuldades em relacionar-se com o conjunto. Isso porque os trabalhos são sempre em grupo e as atitudes de cada um em relação ao coletivo vão ficando cada vez mais evidentes.

Por isso, em cada trabalho, além dos comentários sobre a execução da proposta e as dificuldades em cada um deles, também comentávamos sobre as posturas de relacionamento em grupo, tratando de questões como engajamento, comprometimento, responsabilidade e trabalho em equipe.

Iniciamos a segunda etapa do trabalho com a noção de conflito, como algo que é a expressão da diversidade. Isso nos ajudou a elucidar posicionamentos nos grupos que favoreciam ou impediam a execução de um projeto comum. Falamos sobre como a falta de comunicação direta gera o acúmulo de tensões que acabam sendo descarregadas num momento de conflito. Por isso associamos conflito à violência. No entanto, isso não precisa acontecer desta maneira.

Como na segunda etapa muitos dos exercícios consistem na criação e apresentação de uma cena de um pequeno grupo para o grupo maior da sala, e a matéria do trabalho era o conflito, ficava mais fácil revelar estes posicionamentos na feitura do trabalho e depois na apresentação do mesmo. Problemas de relacionamento, autoritarismo, passividade, omissão e outras dificuldades de grupo ficam muito evidentes quando as cenas são apresentadas.

Evidentemente a metodologia conta com um outro aparato, mais simples, no entanto de grande valia: nos primeiros encontros, nas rodas de apresentação, sempre pedimos que os alunos digam seu nome, de onde vêm, o que pretendem fazer. Isso pouco a pouco nos ajuda a saber quem é quem, pelo nome. E nos impede de tratá-los como uma massa disforme de intenções confusas. Esse olhar nos possibilita compreender melhor as dificuldades individuais e nos habilita a colocar cada um em situação de superar as suas limitações.

Na nossa compreensão, disciplina não significa controle comportamental. Significa posicionamento claro frente ao grupo e comunicação aberta e não-violenta sobre todo e qualquer problema. Significa consenso nas prioridades.

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