O trabalho realizado com as turmas de ambos os períodos é exatamente o mesmo, com resultados distintos em função das distinções entre os grupos. De uma maneira genérica, a turma matutina é mais tranqüila e mais madura que a do período vespertino, mas isso não implicou numa diferença de apreensão do conteúdo.
Desde o ano passado, costumamos dividir o curso de Jogos em dois periodos: as quatro primeira aulas são destinadas a trazer a teatralidade a partir da experiência cotidiana, com jogos mais simples de exposição e trabalho com a imagem de si (a imagem que cada pessoa acredita que os outros vêem dela); as quatro últimas são destinadas a uma introdução à linguagem teatral, às noções de comunicação clara e expressividade. Chamamos o primeiro bloco de “O teatro no mundo” e o segundo de “O mundo do teatro”.
Além dessa abordagem introdutória, buscamos uma melhor compreensão de cada aluno e de suas dificuldades em relacionar-se com o conjunto. Isso porque os trabalhos são sempre em grupo e as atitudes de cada um em relação ao coletivo vão ficando cada vez mais evidentes.
Por isso, em cada trabalho, além dos comentários sobre a execução da proposta e as dificuldades em cada um deles, também comentávamos sobre as posturas de relacionamento em grupo, tratando de questões como engajamento, comprometimento, responsabilidade e trabalho em equipe.
Iniciamos a segunda etapa do trabalho com a noção de conflito, como algo que é a expressão da diversidade. Isso nos ajudou a elucidar posicionamentos nos grupos que favoreciam ou impediam a execução de um projeto comum. Falamos sobre como a falta de comunicação direta gera o acúmulo de tensões que acabam sendo descarregadas num momento de conflito. Por isso associamos conflito à violência. No entanto, isso não precisa acontecer desta maneira.
Como na segunda etapa muitos dos exercícios consistem na criação e apresentação de uma cena de um pequeno grupo para o grupo maior da sala, e a matéria do trabalho era o conflito, ficava mais fácil revelar estes posicionamentos na feitura do trabalho e depois na apresentação do mesmo. Problemas de relacionamento, autoritarismo, passividade, omissão e outras dificuldades de grupo ficam muito evidentes quando as cenas são apresentadas.
Evidentemente a metodologia conta com um outro aparato, mais simples, no entanto de grande valia: nos primeiros encontros, nas rodas de apresentação, sempre pedimos que os alunos digam seu nome, de onde vêm, o que pretendem fazer. Isso pouco a pouco nos ajuda a saber quem é quem, pelo nome. E nos impede de tratá-los como uma massa disforme de intenções confusas. Esse olhar nos possibilita compreender melhor as dificuldades individuais e nos habilita a colocar cada um em situação de superar as suas limitações.
Na nossa compreensão, disciplina não significa controle comportamental. Significa posicionamento claro frente ao grupo e comunicação aberta e não-violenta sobre todo e qualquer problema. Significa consenso nas prioridades.
quinta-feira, 28 de agosto de 2008
Método de trabalho para Jogos Teatrais
Sobre direção
Eu fico pensando em como criar esse espaço necessário para que o ator se divirta com aquilo que está fazendo. Em limar todas as coisas que vão impedindo que ele chegue neste estado, quer estas coisas estejam fora do ator (se for possível), quer estejam dentro dele(se for possível).
Chego no ensaio e olho para as figuras ali na minha frente e fico matutando como vai ser o nosso trabalho de escavação e desnudamento.
Tem uns diretores que acham que humilhar o elenco vai fazer com que eles obedeçam. E que obediência é a única maneira de extrair algo do ator... Não é o meu caso.
Minha abordagem é: "vamos brincar disso agora?"
sábado, 2 de agosto de 2008
Dona Neide é a mulher do Capeta!
Tá sendo muito bacana a repercussão do Websódio "O que que é isso?", trabalho que fiz com o pessoal da O2 para a Locaweb.
Essa semana fui para o ensaio da segunda temporada e tive um retorno do Rodrigo Meirelles sobre as estatísticas de acesso e outras coisas. A galera tem me dado um retorno muito legal sobre o meu trabalho como o Cabeça no seriado. No Youtube, a maioria dos comentários das pessoas tem sido as pérolas do Cabeça.
A gente foi muito bem "briefado" nesse trampo. O roteiro do Thiago Dottori, Nina Crintsz e Adriana Falcão (A grande família) já é duca! Mas o briefing que o pessoal passou para gente dá muito material para a gente improvisar e aí, meu amigo, é só falar merda e esperar para ver o que acontece. O paraíso para um comediante. Daí brotam coisas como "Dona Neide é a mulher do Capeta!" e outros bichos que devem aparecer até o oitavo episódio da primeira temporada.
Ontem eu fui na LOUD, que é a produtora de audio que fez o seriado. Eu e o Felipe fizemos umas gravações que vão ser usadas na segunda temporada, num episódio em que o Cabeça se dá bem. A gente passou a tarde rachando o bico. Ser comediante é bom demais!!! É tudo o que eu mais amo nessa vida.
Amanhã a gente começa a gravar a segunda. Na primeira temporada eu fiquei tão surpreso de ter sido chamado para fazer (isso porque é o meu primeiro trabalho numa produtora grande) que nem consegui escrever nada a respeito aqui no Blog. Vamos ver se rola escrever algo na segunda e publicar alguma coisa de making-off (se bem que isso deve ser meio top-secret).