quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Aonde vão?

Espremidos em seus carrinhos, solitários.

Às seis da tarde eles mal se movem.

Estão exaustos de suas ações sem-sentido.

Precisam chegar logo em casa e certificar-se de que o sacrifício vale a pena. De que as suas coisinhas estão todas lá e as contas pagas. O saldo está em azul e é possível investir em qualquer outra coisinha, que vai atulhar a sua casinha ou outra.

Buzinam, porque em sua frente existe um outro carrinho. E outro. E outro...

Sempre mais lento que o dele. Sempre mais estúpido que ele.

“Trabalho o dia inteiro e ainda preciso suportar isso”, pensam todos juntos.


No ônibus estão os sem-carro.

O contato indesejado com o corpo estranho do outro. Seus cheiros e demandas.

“Preciso sair. Preciso sentar. Preciso ficar de pé.

Ali uma velha ou uma grávida. Preciso fingir que durmo.

Estou tão cansado. Alguém cedeu o lugar, graças a Deus”


Os sem-carro esperam o dia em que se moverão dentro de seus caixõezinhos.

Se moverão?

segunda-feira, 5 de novembro de 2007